Essa é uma das primeiras perguntas que faço aos meus clientes cirurgiões-dentistas quando inicio o meu trabalho de consultoria.
A minha intenção não é saber o quanto o profissional ganha, mas sim identificar se ele tem a preocupação em fazer uma retirada fixa todo mês. Retirada essa que não corresponda ao lucro de seu consultório.
O pró-labore dos dentistas corresponde ao seu salário. Essa deve ser a única retirada mensal. O lucro, resultante da diferença entre as receitas e as despesas de sua atividade, devem ficar para o consultório, preferencialmente em uma conta bancária específica. Essa questão, aliás, é importantíssima! Não misture a sua conta particular com a conta de seu consultório.
Não caia na tentação (e no erro) de fazer retiradas esporádicas de dinheiro do caixa para pagar a conta de energia da sua casa, abastecer o seu veículo ou comprar o pãozinho no final da tarde. Para isso é que você tem o seu pró-labore.
Mesmo sendo o proprietário de seu consultório, você deve se imaginar como um funcionário. E como tal, tem direito apenas a uma retirada ao mês, que é justamente o seu salário. O lucro do seu negócio deve ser utilizado para as despesas e investimentos do seu consultório. Refiro-me aos salários de seus colaboradores, as despesas de energia elétrica, internet, telefone e água, ao pagamento de seus fornecedores, a aquisição de equipamentos, a reforma e ampliação das instalações, investimento em divulgação, entre outros. Todo esse montante deve sair da conta bancária do consultório, e não do bolso do profissional.
Um dos grandes motivos do fracasso financeiro de muitos consultórios odontológicos reside exatamente na não separação das finanças do dentista e das finanças do consultório. Infelizmente, existem profissionais que “embolsam” todo o lucro do consultório, acreditando ser esse o seu pró-labore. Um grande e perigoso erro!
Ao se apropriar de todo o resultado financeiro do seu negócio, você descapitaliza o seu consultório e corre o risco de não contar com os recursos necessários para uma emergência. Isso porque, muito provavelmente, aquele montante que deveria estar no caixa e que foi para a sua conta particular já foi destinado a outros investimentos pessoais. De nada adiante um cirurgião-dentista rico e um consultório depreciado e sem recursos.
O que fazer? Simples. Estabeleça o quanto quer (e precisa) ganhar por mês. Esse valor deve suprir as suas despesas familiar, e ainda lhe propiciar conforto, lazer e segurança. Defina a data que receberá esse salário. Depois disso, tudo o que entrar deverá ser destinado à conta do seu consultório. E à medida que a lucratividade do seu negócio aumentar, você até pode aumentar um pouco o seu salário. Mas, como todo funcionário, isso deve acontecer apenas uma vez por ano.
Eu sei que parece difícil (muito difícil) no começo. Mas essa prática é fundamental para a organização das finanças do seu consultório e consequentemente para o sucesso de sua atividade. Organização e disciplina!